Master of puppets
Nesta edição do descidas da serra irei falar sobre o antigo "Master of puppets" mais conhecido hoje em dia como os "trilhos da malveira". Antigamente na encosta sul da Peninha, um dos maiores picos da Serra de Sintra, existiam uma série de trilhos de Downhill/Freeride de diferentes dificuldades, que desciam até à Malveira da Serra. Os trilho tinham a particularidade de serem os trilhos mais fluídos de toda a Serra, atraíndo praticantes de todas as modalidades de BTT e de vários sítios de Portugal para experimentarem aqueles 5 minutos de adrenalina. Construídos pelo Clube Português de Freeride existiam 4 trilhos carinhosamente apelidados com nomes de músicas dos Metallica:
"Master of puppets"-Trilho de dificuldade verde (fácil), o mais longo dos 4, que descia às curvas até à Malveira.
"Ride the Lightning"- Trilho de dificuldade azul (médio), que possuía a linha mais directa e mais rápida.
"Kill 'em all"- Trilho de dificuldade vermelho (difícil), que possuía a linha mais técnica, com trialeiras bem ao estilo Downhill.
"Extreme"- Trilho de dificuldade preto (muito difícil), que possuia os obstáculos mais abusados, incluindo um wallride gigantesco, um step up abusivo e duplos extremos.
Segue em baixo uma imagem com a representação dos trilhos como eram antigamente:
Durante muitos anos o Clube Português de Freeride lutou pela legalização dos trilhos, e por um breve período de tempo realmente conseguiram tornar os trilhos legais e incluí-los na carta de desporto e natureza da serra. Contudo, pouco tempo depois devido a queixas dos habitantes, os trilhos voltaram a ser tornados ilegais e foram consequentemente destruídos com o corte das acácias da região.
Hoje em dia os trilhos estão a voltar a renascer, com a requalificação do trilho Master of puppets, sendo neste momento a única linha realizável, havendo contudo algumas secções do Ride the Lightining e Kill 'em all também possíveis de fazer.
O trilho neste momento possui 1.67km com 8 secções. A entrada para os trilhos situa-se no ponto mais alto da serra antes de chegar ao parque de merendas da Peninha no sentido Capuchos-Peninha. Contudo o melhor lugar para parar o carro é mesmo junto ao parque de merendas ou no estacionamento do Convento da Peninha.
A primeira secção é a mais técnica do percurso, mas também a mais característica por ser feita ao longo de várias curvas de desnível pouco acentuado. Sem grandes obstáculos o trilho serpenteia por entre a floresta bastante fechada, havendo zonas em que fica bastante escuro mesmo no pico do dia. Esta é provavelmente a secção mais lenta e mais longa de todo o trilho.
A segunda secção já é mais rápida e fluída, quase não é preciso pedalar nesta secção, é só largar os travões e aproveitar os relevês das curvas para manter a velocidade e rapidamente alcançamos a terceira secção.
A terceira secção é a mais curta delas todas, começando com uma descida um pouco mais inclinada e técnica logo apanhamos o maior relevê de todo o percurso que nos lança em velocidade numa curva apertada para a quarta secção.
A quarta secção é bastante rápida e directa com vários pequenos saltos no caminho. Bastante fluída, basta soltar os travões e bombear a suspensão nas lombas para se manter a velocidade. No final existe um pequeno drop mas com escapatória e a oportunidade de fazer dois duplos de dimensões já um pouco maiores mas igualmente com escapatória.
A quinta secção é também bastante fluída com curvas bem posicionadas, rapidamente alcançamos as secções finais.
A sexta, sétima e oitava secções são feitas sem parar e são as secções mais rápidas de todo o trilho. Antigamente existiam três grandes saltos em sequência designados como os "voadores" pois realmente lançavam-nos a alta velocidade pela encosta abaixo.Hoje em dia estes já não existem mas mesmo assim a recta final permite-nos alcançar quase os 70km/h. O trilho termina por fim na estrada de empedrado.
Apesar de ser um trilho curto comparado com outros da serra como o "Dimas", "Kamikaze", "Torgas", continua a ser um senão mesmo o trilho mais fluído de toda a serra, que proporciona os melhores momentos de diversão numa bicicleta!
Em baixo segue o meu último vídeo no Master of Puppets, onde experimento a nova perspectiva da chestcam. No vídeo começo na segunda secção e a partir daí é sempre a abrir até ao empedrado. Apesar de ter ficado um bocado tremido ainda dá para ter uma perspectiva engraçada da descida.
Para outra perspectiva da descida, e desta vez mesmo do início podem ver o episódio 1 da Série Flow Trough the Shores onde filmo o trilho na perspectiva Headcam.